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Segurança da Informação (SI) é, essencialmente, uma ponte de confiança entre a organização e seus diversos públicos: clientes, investidores, parceiros, órgãos reguladores e até seus próprios colaboradores. Mas essa ponte precisa ser sólida — e isso exige maturidade.

A ausência de uma estrutura madura em SI não apenas eleva o risco técnico da operação: ela compromete a credibilidade da empresa e a forma como seus stakeholders percebem sua capacidade de proteger ativos, dados e reputação.

O que significa maturidade em Segurança da Informação?

Maturidade em SI é a capacidade da organização de operar sua segurança de forma estratégica, previsível e integrada ao negócio. Isso envolve muito mais do que ferramentas: inclui governança, processos, cultura, métricas e comunicação com a alta liderança.

Modelos como o NIST CSF, ISO/IEC 27001 ou frameworks de capability maturity model (CMMI) ajudam a estruturar essa avaliação, mas o princípio é simples: uma organização madura sabe onde está, para onde quer ir e como vai chegar lá.

Maturidade não é um ponto fixo — é uma jornada contínua de evolução.

Quando a SI é imatura, a percepção de risco se amplifica

Empresas com baixa maturidade em SI frequentemente operam no improviso. A ausência de processos definidos, controles inconsistentes e falta de visibilidade geram um efeito colateral perigoso: insegurança na tomada de decisão.

Veja alguns exemplos:

  • Clientes podem hesitar em fornecer dados sensíveis se percebem que a empresa não possui um ambiente seguro.
  • Auditorias se tornam experiências traumáticas quando não há registros, trilhas de decisão ou responsáveis claros.
  • Executivos deixam de envolver a SI em projetos estratégicos por acreditarem que ela “atrapalha mais do que ajuda”.
  • Investidores e conselhos passam a enxergar a segurança como uma caixa-preta: consome orçamento, mas não entrega visibilidade nem clareza de retorno.

Quando a confiança dos stakeholders se abala, os riscos deixam de ser apenas técnicos e se tornam reputacionais, financeiros e regulatórios.

SI como centro de custo ou parceiro estratégico?

A maturidade também é o que diferencia uma área de SI que apenas reage a incidentes de outra que contribui ativamente para decisões de negócio.

A empresa que atua de forma madura consegue:

  • Traduzir riscos técnicos em impactos financeiros e operacionais;
  • Priorizar ações com base em critérios objetivos e alinhados ao apetite de risco da organização;
  • Comunicar-se com clareza com a alta liderança e os demais times;
  • Antecipar problemas, em vez de apenas apagar incêndios.

Sem essa maturidade, a SI tende a ser vista como um centro de custo inevitável, cuja principal função é dizer “não”.

O papel da liderança e da cultura organizacional

Maturidade não é responsabilidade apenas da equipe de segurança — ela exige patrocínio da liderança e integração com a cultura da empresa. Isso significa que:

  • A SI precisa estar presente nos fóruns estratégicos;
  • Os riscos de segurança devem ser tratados como riscos do negócio, e não apenas riscos técnicos;
  • As áreas devem ser envolvidas e corresponsáveis pelos controles, especialmente as mais críticas (jurídico, RH, TI, marketing, etc.).

É comum ver empresas que investem pesado em ferramentas, mas não conseguem sair do lugar porque ignoram esses fatores estruturais. Tecnologia sem governança é só barulho.

Caminhos para avançar na maturidade

A jornada para elevar a maturidade em SI pode (e deve) começar com passos práticos e objetivos:

  1. Diagnóstico realista: usar frameworks como NIST CSF, ISO 27001 ou CIS Controls para entender onde estão os gaps.
  2. Plano de ação estruturado: priorizar iniciativas com base em risco e viabilidade.
  3. Engajamento das áreas: tratar segurança como uma responsabilidade compartilhada.
  4. Comunicação executiva: traduzir os indicadores de SI para a linguagem do negócio.
  5. Monitoramento contínuo: acompanhar a evolução e ajustar o plano conforme o contexto.

Mesmo organizações pequenas ou em setores tradicionais podem (e devem) buscar elevar sua maturidade. O que está em jogo não é apenas a proteção contra ataques, mas a confiança de que a empresa sabe o que está fazendo.

Conclusão: confiança é um ativo — e precisa ser cultivado

Stakeholders não esperam que você seja invulnerável, mas esperam que você seja confiável. E confiança nasce da percepção de controle, transparência e responsabilidade.

Investir em maturidade em Segurança da Informação não é um luxo — é uma necessidade estratégica em um mundo onde os riscos digitais são cada vez mais complexos, e a tolerância a falhas, cada vez menor.

Ao tratar a segurança como um valor institucional e integrá-la à cultura do negócio, sua empresa transforma um possível ponto fraco em um diferencial competitivo.

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