Skip to main content

Quando falamos em maturidade de segurança da informação, ainda é comum ver a discussão começar — e terminar — em tecnologia. Firewalls, antivírus, EDRs, pentests, ferramentas de gestão de vulnerabilidades. É como se a evolução da segurança estivesse condicionada à adoção da “solução da moda”.

Mas esse é um equívoco perigoso.

A maturidade de segurança não se instala. Ela se constrói — e começa na mentalidade da liderança.

🔍 Segurança sem direção vira ruído

Não importa o tamanho do time ou o arsenal tecnológico disponível: se a alta liderança não enxerga a segurança como um ativo estratégico, ela será sempre reativa. Uma despesa inevitável. Um item na checklist do compliance. Algo a ser terceirizado e esquecido — até que o próximo incidente aconteça.

E quando ele acontece, o script é conhecido:

  • Pressão imediata por respostas e culpados
  • Reuniões emergenciais com tom de cobrança
  • Corte de acessos, envio de comunicados e uma busca desesperada por controle

Nessas horas, a segurança vira bode expiatório. Mas raramente se reconhece que o verdadeiro erro foi estrutural: a ausência de patrocínio real no topo da organização.

🏗️ O que muda quando o topo entende o papel da segurança?

Empresas que atingem maturidade não o fazem por acaso. Elas constroem esse caminho com base em três pilares claros:

  1. Visão estratégica:
    Segurança deixa de ser “TI” e passa a ser “negócio”. Isso significa mapear os riscos críticos para a continuidade da operação, reputação e integridade da marca — e tratá-los como qualquer outro risco corporativo relevante.
  2. Cultura organizacional alinhada:
    Iniciativas de segurança passam a fazer parte do dia a dia — do onboarding ao offboarding, da criação de produtos às decisões de M&A. A mentalidade de “segurança é responsabilidade de todos” deixa de ser um slogan vazio.
  3. Tomada de decisão baseada em risco:
    Investimentos em segurança passam a ter racionalidade financeira. Não é sobre gastar mais, mas sobre gastar melhor, protegendo o que realmente importa. E isso só acontece quando a liderança entende a linguagem do risco.

🧱 Firewall é importante. Mas não é o começo.

Firewalls, SOCs, SIEMs, MFA, DLP… são todos recursos essenciais. Mas são instrumentos, não estratégias. Sem direcionamento, podem virar gastos disfuncionais, soluções mal configuradas ou até fontes de falsa sensação de segurança.

Um SOC 24×7 sem playbooks bem definidos vira central de alarmes.
Um firewall sem política clara vira bloqueador de produtividade.
Um sistema de gestão de identidades sem governança vira burocracia.

Tecnologia sem liderança engajada é só um muro vazio.

📉 Casos reais mostram onde mora o risco

Ao longo da minha trajetória, vi organizações com estrutura robusta sofrerem impactos graves por decisões erradas no topo:

  • Um board que recusou implantar MFA para reduzir atrito com a operação e, meses depois, enfrentou uma invasão por phishing.
  • Uma empresa que tinha um SOC terceirizado, mas não aprovava os planos de resposta a incidentes por “falta de tempo” — e descobriu isso da pior forma quando sofreu ransomware.
  • Líderes que tratavam LGPD como tarefa do jurídico ou da TI, sem envolver marketing, RH e operações.

O denominador comum? Falta de entendimento de que segurança é transversal e começa com o exemplo.

🤔 A pergunta que fica

Se hoje houvesse um incidente crítico na sua empresa, a liderança saberia:

  • Quais ativos precisam ser protegidos com prioridade?
  • Quem são os responsáveis por acionar o plano de resposta?
  • Quanto tempo a operação pode ficar fora do ar antes de causar perdas irreversíveis?

Se a resposta for “não sei” ou “acho que sim”, então a maturidade ainda não começou.

📣 Conclusão

Maturidade em segurança não é sobre ter mais ferramentas.
É sobre ter consciência, estratégia e patrocínio no topo.

Enquanto a liderança enxergar segurança como despesa, ela será tratada como caixinha de auditoria.
Quando passar a tratá-la como valor, tudo se alinha: cultura, orçamento, processos e, sim, tecnologia.


Se quiser discutir a maturidade de segurança na sua organização ou repensar como ela é tratada pelo topo, entre em contato.
A mudança não começa no firewall — começa na mentalidade.

Leave a Reply