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Firewalls ainda são a espinha dorsal da defesa perimetral nas empresas. São equipamentos robustos, repletos de funcionalidades modernas, capazes de detectar e bloquear tráfego malicioso, impedir conexões não autorizadas e aplicar políticas granulares por aplicação, usuário e geolocalização.

Mas existe um problema recorrente, silencioso — e perigoso: firewalls perfeitamente configurados, mas que operam às cegas.

O mito da configuração definitiva

Muitas organizações ainda tratam o firewall como um projeto com início, meio e fim. Contratam uma consultoria, realizam uma configuração exemplar e, ao final, assumem que o equipamento “está protegido”. E de fato está… até que algo mude. E sempre muda.

Novos serviços são publicados, usuários mudam de função, endpoints se multiplicam, ameaças evoluem. Um ambiente de TI é dinâmico — mas a configuração do firewall muitas vezes permanece estática por meses (ou anos).

Esse descompasso transforma o firewall em um risco silencioso: um ponto cego em plena linha de frente.

O que significa “monitorar um firewall”?

Monitoramento vai muito além de verificar se o equipamento está “online”. Envolve:

  • Análise contínua de logs e eventos, com foco em anomalias e padrões suspeitos.
  • Correlação com dados de ameaças conhecidas (threat intelligence).
  • Alertas em tempo real para tráfego incomum, varreduras, tentativas de acesso externo ou comunicações com IPs maliciosos.
  • Auditorias regulares das regras e políticas, avaliando se continuam alinhadas ao negócio.
  • Verificação de atualizações de firmware, assinaturas de IPS/IDS e vulnerabilidades conhecidas.

Um firewall sem esse acompanhamento constante é como uma câmera de segurança desligada: está lá, mas não serve de nada no momento crítico.

Por que isso acontece com tanta frequência?

  1. Falta de equipe dedicada: Muitas empresas não têm um time de segurança ou não priorizam o firewall após a implantação.
  2. Aparente estabilidade: A rede continua funcionando. Nenhum alarme soa. Parece estar tudo bem.
  3. Orçamento limitado: Monitoramento requer ferramentas (como SIEMs) e pessoal qualificado.
  4. Desconhecimento técnico: Acredita-se que “configurar bem” já seja suficiente.

Esse conjunto de fatores perpetua a ideia de que o firewall é um “item resolvido” — quando, na verdade, ele deveria ser um dos principais sensores de segurança.

Como corrigir esse erro estrutural

Se a sua empresa tem um firewall em produção, mas não tem visibilidade sobre o que ele está vendo, é hora de agir. Algumas boas práticas incluem:

  • Integrar o firewall a uma plataforma de SIEM, como Wazuh, Sentinel, QRadar ou Splunk.
  • Criar regras de correlação específicas para tráfego incomum.
  • Delegar a análise contínua a um SOC interno ou terceirizado.
  • Estabelecer processos de revisão mensal das regras ativas.
  • Manter firmware e serviços de inteligência de ameaças atualizados.
  • Aplicar segmentação de rede para reduzir o impacto de possíveis brechas.

Mesmo empresas de menor porte podem implementar soluções de monitoramento mais simples — até mesmo com ferramentas open source — e estabelecer uma rotina mínima de revisão.

Conclusão: segurança é vigilância, não apenas blindagem

O firewall é uma peça fundamental do quebra-cabeça da segurança, mas só cumpre seu papel se for tratado como um sistema vivo, que exige atenção, análise e revisão constantes.

Ignorar seu monitoramento não é apenas um erro técnico: é uma decisão de risco.

A pergunta que fica é: neste exato momento, alguém está olhando para os logs do seu firewall? Ou sua empresa está voando às cegas, confiando em uma blindagem que já não enxerga mais nada?

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