Skip to main content

Segurança da informação não deve ser um freio para os negócios — mas, sem alinhamento, é isso que ela se torna.

Em muitas organizações, a área de Segurança da Informação ainda opera como um sistema isolado, tomando decisões baseadas em normas, benchmarks e auditorias, mas sem entender o ritmo, a lógica e as urgências do negócio. A intenção é nobre: proteger. Mas o resultado pode ser desastroso: processos travados, inovações barradas, desconfiança interna e, paradoxalmente, mais risco.

A falácia do “seguro é sempre melhor”

Existe uma crença comum de que quanto mais restritivo, mais seguro. Isso pode funcionar em ambientes laboratoriais — mas não em empresas que precisam competir, inovar e se adaptar todos os dias. A segurança precisa ser tão ágil quanto a operação que protege.

O excesso de controles mal calibrados gera:

  • Engessamento de processos críticos
  • Perda de produtividade em áreas operacionais
  • Shadow IT e bypasses não autorizados
  • Conflito entre áreas técnicas e áreas de negócio
  • A falsa sensação de segurança, baseada em conformidade e não em eficácia real

Em outras palavras, a segurança que atrapalha a operação não está sendo eficaz. Está apenas impondo custo, frustração e risco oculto.


Segurança e negócio: dois lados da mesma moeda

Segurança aplicada ao negócio exige uma mudança de postura: sair do papel de “guardião” para assumir o papel de viabilizador estratégico.

Para isso, três atitudes são fundamentais:

1. Participar desde o início dos projetos

Segurança não pode ser chamada na fase final para “dar o ok” em algo que já está desenhado. É preciso estar presente desde o momento zero — nas fases de concepção, planejamento e priorização. Só assim é possível entender o contexto, os objetivos, o impacto e, então, propor controles compatíveis com a realidade do projeto.

2. Traduzir risco técnico em impacto de negócio

Um dos maiores ruídos entre segurança e operação é a linguagem. Enquanto o time de SI fala em CVEs, exploits e compliance, o negócio quer saber se vai vender mais, gastar menos ou evitar prejuízos. O papel da segurança moderna é ser tradutora — explicando como uma vulnerabilidade técnica pode comprometer um contrato, um faturamento ou a reputação da marca.

3. Oferecer alternativas, não proibições

Quando uma área precisa usar uma ferramenta nova, um canal externo ou um modelo diferente de entrega, o papel da segurança não é dizer “não”. É entender o porquê da demanda, avaliar os riscos e propor caminhos viáveis — com compensações, ajustes, contratos, monitoramento. A segurança que apenas veta, sem construir alternativas, será sempre contornada.


Casos do dia a dia: onde isso acontece

  • Uma área de marketing precisa usar um SaaS externo para gerenciar campanhas. A SI veta por “não estar homologado”. O time cria uma conta pessoal e roda a operação do mesmo jeito — agora fora do radar da empresa.
  • Uma transportadora adota uma solução de roteirização com IA, mas precisa de acesso a dados em tempo real. A segurança proíbe “por política”. A área tenta improvisar extrações via planilhas — aumentando o risco e diminuindo a eficiência.
  • Um projeto de integração entre dois ERPs é paralisado por semanas enquanto se define o modelo “mais seguro”. O projeto perde o timing, a empresa perde dinheiro — e a confiança na SI também se abala.

Esses exemplos não são extremos. São o cotidiano de quem atua com segurança em ambientes empresariais. E mostram que proteger o negócio não é o mesmo que isolar o negócio.


O que muda quando há alinhamento real?

Empresas que integram Segurança da Informação aos objetivos estratégicos operam de forma diferente:

  • A segurança participa das decisões, não apenas reage a elas
  • Os riscos são modelados de forma prática, com base em impacto e exposição real
  • As soluções são construídas com o negócio, não contra ele
  • O nível de adesão aos controles é mais alto, porque as áreas se sentem parte do processo
  • A empresa ganha em agilidade, confiança e resiliência

A segurança deixa de ser um departamento e passa a ser um atributo da cultura organizacional.


Conclusão: segurança como diferencial competitivo

Proteger é necessário. Mas proteger com inteligência, sensibilidade e visão de negócio é o que diferencia empresas resilientes de empresas travadas.

Se a segurança da sua organização está sendo percebida como um obstáculo, talvez não seja hora de mudar as ferramentas — mas de mudar a forma como ela se conecta à estratégia da empresa.

Quando há colaboração, clareza e propósito comum, a segurança se torna exatamente o que deveria ser: um catalisador da operação, e não uma trava.

📌 Quer saber como alinhar segurança e operação na sua empresa? Deixe sua pergunta ou compartilhe sua experiência.

Leave a Reply