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Durante anos, minha vida profissional seguiu um roteiro clássico: estude, entre em uma boa empresa, escale posições, garanta estabilidade. E, claro, carregue seu crachá com orgulho. O crachá, afinal, era mais do que um acessório – era uma identidade. Uma espécie de passaporte que abria portas, validava competências e dizia (supostamente) quem eu era.

Mas chegou um ponto em que percebi: eu havia terceirizado meu propósito.

A cada projeto entregue, reunião bem conduzida, ou orçamento fechado, a sensação de dever cumprido vinha acompanhada de uma pergunta incômoda: “é só isso?”. E por mais que o reconhecimento existisse, havia algo essencial faltando.

O erro silencioso
O erro mais comum – e mais difícil de perceber – é confundir sucesso com sentido. Muitos de nós seguimos carreiras que funcionam no papel, mas falham na alma. E vamos nos adaptando. Vamos nos dizendo que é “fase”. Vamos empurrando com o crachá.

Até que um dia, ao invés de pedir demissão, você decide não se contratar de novo.

Essa decisão não veio em um rompante. Foi um processo. Começou com desconforto, depois cansaço, depois clareza. E, por fim, liberdade. A liberdade de redesenhar a vida de acordo com valores próprios, sem moldes prontos.

Reinvenção não é sinônimo de empreendedorismo
Muitos associam essa virada à criação de um negócio. Mas nem todo mundo precisa empreender para se reinventar. O ponto central está em retomar o protagonismo sobre a própria trajetória. E isso pode acontecer dentro de uma empresa, fora dela, ou entre as duas coisas.

Hoje, sem crachá, continuo trabalhando – e muito. Mas o propósito agora é meu, não terceirizado. O reconhecimento não depende de organograma. E a identidade não está mais pendurada no pescoço.

Para líderes e empresas, uma provocação:
Como você lida com profissionais que já entenderam que o crachá não é suficiente? O que você oferece além de salário e benefícios? Qual espaço existe para histórias reais, não só currículos?

Porque no final, reter talento é menos sobre manter contratos… e mais sobre sustentar propósitos.

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