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Em mais de 30 anos trabalhando com Segurança da Informação, vi excelentes projetos morrerem na praia — não por falhas técnicas, mas por falta de patrocínio real.

A tecnologia raramente é o problema.

O caso: o firewall que nunca entrou em produção

Em uma empresa onde atuei, propusemos uma iniciativa simples e com impacto direto: implementar firewalls para controlar a saída web dos servidores em cloud. A ideia era bloquear acessos desnecessários à internet, reduzindo a superfície de ataque e prevenindo vazamentos por canais não monitorados.

A solução era tecnicamente viável, tinha baixo custo e atendia a boas práticas básicas de segurança.

O projeto foi aprovado e até iniciou com um piloto funcional. Mas rapidamente esbarrou em um problema recorrente: nenhuma área de negócio queria lidar com os incômodos operacionais da mudança.

Aplicações legadas exigiam exceções. Times de desenvolvimento pediam liberações emergenciais. O ambiente era caótico — e o projeto, sem um patrocinador forte, ficou à deriva.

Ninguém da alta liderança se envolveu para resolver os impasses. O discurso era de apoio, mas na prática, não havia cobrança, nem prioridade.

Depois de meses empurrando, o projeto foi engavetado.

A tecnologia estava lá. O firewall configurado. Mas nunca entrou em produção.

Patrocínio é mais do que orçamento

Muita gente acha que “patrocínio” é só aprovar verba.

Mas patrocínio verdadeiro envolve:

  • Defesa ativa do projeto pela liderança.
  • Capacidade de negociar com outras áreas.
  • Clareza sobre o valor estratégico da iniciativa.
  • Cobrança de prazos, entregas e alinhamento.

Sem isso, até os projetos mais simples travam.

Por que isso importa

Segurança não é um detalhe técnico. É um pilar da continuidade do negócio.

Sem liderança comprometida, os investimentos viram gastos. Ferramentas são compradas, mas não utilizadas. Medidas são sugeridas, mas não sustentadas.

E quando ocorre um incidente, a pergunta inevitável aparece:

“Por que não fizemos isso antes?”

O aprendizado

Esse caso me ensinou algo que carrego até hoje:

Tecnologia sem patrocínio é só mais uma linha no orçamento.
Com patrocínio, vira transformação.

Antes de iniciar qualquer projeto de segurança, pergunte:

  • Quem vai brigar por isso além da área técnica?
  • Quem vai bancar os desconfortos da mudança?
  • Quem vai garantir que isso vai até o fim?

Se não houver respostas claras, talvez seja melhor ajustar as expectativas.

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